Copa do Mundo começa e patrocinador oficial, Budweiser, perde 75 milhões de dólares

Com a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos arredores dos estádios, Budweiser fica na seca durante o Copa do Mundo 2022. Será?

A Copa do Mundo 2022 começou e o Mundial é o torneio mais aguardado por quem gosta de futebol e, principalmente, por quem pode faturar com isso, ou seja, país sede, marcas, seleções…

Porém, faturar não parece ser o que aconteceu com um dos patrocinadores oficiais dessa Copa do Mundo, a Budweiser. Mas só parece, eu te garanto.

Bom, parece ser uma certeza entre entendedores, e não, de que uma partida de futebol, principalmente durante a Copa, é um acontecimento festivo e para nós, ocidentais, por festa entendemos um momento de celebração geralmente regado à bebida alcoólica.

De quatro em quatro anos o mercado se estapeia para ver quem será patrocinador oficial do evento e, geralmente, tem a ver com bebida alcoólica. O que pode parecer uma incoerência, uma vez que se trata de um esporte – Cristiano Ronaldo que diga – mas a gente vai deixar essa pauta para outro momento.

Neste ano, a exemplo de 2014, a Budweiser levou a melhor e conseguiu a exclusividade com o patrocínio de seu segmento. Isso quer dizer que a cerveja a ser vendida nos estádios e nos espaços exclusivos da Fifa seria a Bud. Seria, porque dias antes da estreia do Mundial, o Qatar proibiu a venda de bebidas alcoólicas nos estádios e nos arredores deles.

Para integrar este local de destaque como patrocinador, a Budweiser desembolsou 75 milhões de dólares. Se quiser ver o quão grande é essa sifra, segue: 75.000.000. E aí? O que se faz quando você já pagou, mas não pode vender seu produto para, teoricamente, reverter o investimento? E vale lembrar que quando uma marca opta por patricinar algo, ela espera lucrar pelo menos duas vezes o que investiu, chutando baixo.

Um pouco do Qatar

Até 1971, o Qatar era considerado um protetorado britânico, ou seja, não era exatamente um território da Coroa Inglesa, mas estava sob sua proteção e isso veio desde a divisão do Império Otomano. Pois bem, em 1971 se tornou um país independente, porém, não uma república como comumente observamos nas independências ocidentais. O país tem um regime absolutista e é chefiado, desde meados do século XIX, pela dinastia Thani.

Para chegar ao tema deste artigo é importante ressaltar que o Qatar está situado no oriente médio em uma península conhecida como Península Arábica, que provavelmente você já ouviu falar. Seu único país vizinho é a Arábia Saudita.

Nesta região dominada pelo islamismo há um predomínio do Islã Sunita, considerado pelos estudiosos como a vertente do islamismo que mais carrega a doutrinação e os dogmas conservadores de Maomé, fazendo reger em seu território xaria como lei. A xaria é a lei islâmica, uma vez que no islamismo não há secularismo, ou seja, não há separação entre Estado e religião. A fonte de jurisprudência no islmamismo é o Corão.

Para você entender mais sobre a divisão entre sunitas e xiitas, clique neste artigo da BBC.

Sem venda de bebida alcoólica como reverter o investimento

A breve explicação dos parágrafos anteriores justifica a proibição da venda de bebidas alcoólicas em um território islâmico sunita regido pela xaria. Logo, tal prática é expressamente proibida pelo livro de Maomé, o Corão, ou seja, a lei proíbe o consumo e como não se pode ter consumo, não se pode haver comercialização.

Mas e aí, o anunciante patrocinador oficial que desembolsa 75 milhões para a logísticade se realizar uma Copa do Mundo faz o quê? É aí que a Budweiser se torna ainda mais valiosa em posicionamento do que se poderia pensar.

Proibida de vender cerveja no Mundial, a Bud resolveu doar TODO o estoque que seria comercializado no Qatar para o país que vencer o torneio. Com isso, a Bud gera buzz para a marca e uma outra coisa muito importante nos dias de hoje, gera simpatia da torcida que passa a ter carinho pela cerveja – principalmente aquela torcida do país que vencer a Copa do Mundo 2022.

O que aprendemos com isso

Aprendemos que quando um planejamento não sai como o esperado, ele não é um documento rígido que não pode ser revisto ou alterado. É preciso olhar para fora da caixa e perceber oportunidades que serão tão ou mais lucrativas com o tempo. Deixar o desespero do retorno imediato de lado e lembrar que posicionamento gera reputação e reputação gera valor e valor gera receita.

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