Análise de marcas pessoais no momento de crise: Mandetta x Teich

Há alguns dias um amigo me pediu para fazer uma análise das marcas pessoais do presidente Jair Bolsonaro e do então ministro Luiz Henrique Mandetta. Confesso que tive muita vontade de fazer, mas lá no fundo achei incoerente, uma vez que eles ocupam posições distintas.

Eis que aí veio o burburinho: O ministro foi demitido e no lugar dele…bem, no lugar dele uma pessoa para eu analisar a marca. Com vocês, minha análise das marcas do ex-ministro Mandetta de se seu sucessor Nelson Teich.

Quero, antes de começar as análises, dizer que não estou analisando estratégias e muito menos política, apenas a maneira como ambos escolheram se posicionar diante da crise que vivemos. Também quero esclarecer que não há tanta informação assim do ministro Teich para uma análise substanciosa. Vou me basear em sua primeira coletiva de imprensa concedida ontem (22).

Luiz Henrique Mandetta

Todo mundo que acompanha minimamente os noticiários de política sabe que ele não é um grande entusiasta do Sistema Único de Saúde (SUS), mas assumiu uma postura defensora do sistema durante a crise. Isso porque é o que se espera de um Ministro da Saúde.

Logo de imediato, Mandetta optou por coletivas diárias juntamente com sua equipe técnica – o que preconiza a base do governo – para informar a imprensa e a população da atual condição epidemiológicas do Brasil. 

Nas coletivas, Mandetta assumia um papel de líder e deixava que sua equipe apresentasse o que lhes fosse pertinente. Passava então a responder às perguntas dos jornalistas com informações e sempre considerando a vida das pessoas – num ato bastante político.

Durante todo o tempo, Mandetta apresentou-se de calça, camisa – por vezes com mangas arregaçada (o que sugere um dia exaustivo de trabalho) – e, em dado momento, passou a usar também o colete do SUS. Sua equipe também assumia uma postura similar ao do então ministro, afinal, seguimos padrões. Mesmo durante as coletivas conjuntas com outros ministros, Mandetta seguia a mesma roupa: calça, camisa com mangas arregaçada e colete do SUS. Isso é mais do que mostrar-se à frente do SUS, é literalmente vestir a camisa.

Por vezes, as coletivas viraram palanques para discursos políticos – sim, viraram – que eram realizados com total direcionamento para a população e preservação da vida. Até que seu ponto alto chegou: O dia que ele fez a analogia entre paciente – Brasil – e médico que não abandona o paciente – ele próprio.

O que Mandetta passou a representar – conscientemente e planejado eu tenho certeza – foi o papel de cuidador, aquilo que está associado aos médicos e a todos os profissionais da saúde de modo geral. Adotando esta imagem e postura ele cresceu em popularidade e conquistou a confiança da população, o que pode levá-lo a caminhos maiores daqui um tempo, se assim desejar. 

Vale ressaltar aqui que o que um povo em estado de crise de saúde espera é exatamente que alguém as cuide.

Nelson Teich

Não temos tantas informações assim do ministro, além de que sua carreira se fez na saúde suplementar, ou seja, provavelmente mais um não entusiasta do SUS, mas é daqui pra frente que a gente deve analisar sua postura.

Em sua primeira coletiva oficialmente à frente do Ministério da Saúde, Teich compôs uma mesa com diversos outros ministros. Não foi o primeiro a falar e quando sua vez chegou, foi sucinto, fez uma série de repetições acerca da doença – que já são de conhecimento público – e quando apresentou os números, ateve-se a uma folha de papel declarando o número de mortes e como isso era uma boa estimativa em comparação a outros países cuja taxa de letalidade da doença chegava até mesmo a 20% – no Brasil é de 8%.

O ministro trajava terno – como a maioria de seus companheiros – e seu discurso foi repleto de termos técnicos e estatísticos. Não houve conversa, não houve declaração, não houve cuidado, demonstrando exatamente o que o governo espera, declaradamente, dele: Técnica. Manteve um perfil analítico durante toda a coletiva, lançando sempre mão de números e de estatística, o que para a população não significa muita coisa. 

O que se espera de um ministro da saúde no momento em que hospitais de grandes capitais já têm de escolher quem vive e quem morre por falta de respiradores mecânicos é empatia e isso Teich não demonstrou em sua primeira aparição pública à frente do Ministério da Saúde.

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