A crise de imagem pessoal de Karol Conká tem salvação?

Cantora conhecida como membro ativo do movimento feminista expõe um comportamento controverso na 21ª edição do Big Brother Brasil causando uma séria crise de imagem pessoal para sua marca.

Mal começou e a 21º edição do Big Brother Brasil, ou do popular BBB, e já está na história do programa como a mais controversa de todas as edições, trazendo à tona discussões sobre a imagem pessoal projetada de algumas figuras conhecidas do público que integram o elenco da atração.

Esse é o caso de karol Conká. A curitibana de 34 anos entrou no jogo carregando a imagem pessoal que pintou aqui no mundo real, mas não a sustentou por muito tempo lá dentro.

A dona do hit “Tombei” que em certo momento diz “mamacita fala, vagabundo senta”, parece levar muito a sério letra por letra do trecho de sua música de maior sucesso.

Em duas semanas de programa, Karol já se envolveu em diversas polêmicas e todas elas com repercussões negativas aqui do lado de fora. Primeiro, foi com o ator Lucas Penteado que deixou o programa no último domingo. Em seguida, Juliette que foi vítima de xenofobia, segundo twiteiros. Depois foi a vez de o anônimo Arcrebiano, o Bil, que teve um rápido romance com a cantora e depois virou seu desafeto e por fim, protagonizou um dos maiores barracos já registrado na casa do BBB com a atriz Carla Diaz.

Mas todos esses casos impactam a imagem de marca de Karol Conká, por quê?

O princípio da construção de uma marca pessoal está na veracidade entre a identidade de uma marca, ou seja, aquilo que se é e sua imagem, aquilo que é projetado. Sem o total alinhamento entre um e outro é impossível manter uma marca pessoal sólida. Identidade de marca é DNA, é essência, não dá para ocultar com ações que vêm de fora para dentro. Já a imagem é a reputação.

Aqui fora no mundo real, karol era vista como uma grande ativista do movimento feminista, até mesmo representando isso em suas músicas. Além do feminismo, ela também levantava bandeiras importantes como movimentos negros e LGBTQ+.

Qualquer pessoa desse programa, do camarote ou da pipoca – como são designados os grupos divididos pelo programa, sendo o primeiro de famosos e o segundo de anônimos – corre o risco do julgamento. A exposição é 24h, a internet é um tribunal e qualquer fagulha é suficiência para um incêndio de proporções catastróficas para a imagem pessoal de uma marca.

As polêmicas e o desalinhamento entre atitudes e imagem

Uma das primeiras conversas controversas com o grupo, que parece ter Karol como ídola, formado pela psicóloga Lumena, pelo rapper Projota e pelo youtuber Nego Di, referiu-se à paraibana Juliette. A competidora nordestina chegou no jogo meio desacreditada pelo público, pois suas brincadeiras com o cantor Fiuk começaram a incomodar quem estava fora da casa e a ele também. Hoje, Juliette é uma das favoritas ao prêmio de 1,5 milhões de reais e acumula incríveis 5,3 milhões de seguidores no Instagram.

O corrido se deu quando em um momento na cozinha, Karol começou a imitar de forma jocosa o sotaque da paraibana e foi acompanhada por risos de outros participantes, inclusive de colegas nordestinos que compõem o elenco.

Em outra ocasião, Karol questionando que não gostava da maneira como Juliette se comunicava, foi esclarecida por outra participante que se tratava de regionalismo e partiu em “defesa” de sua opinião por ser de Curitiba onde, segundo ela, as pessoas são “muito educadinhas, muito quietinhas”. Em um caso clássico de xenofobia contra o nordeste disfarçado de opinião.

Outro caso polêmico que a cantora se envolveu foi com o participante Lucas Penteado. O ator protagonizou diversas polêmicas com os moradores da casa. Em uma das festas, proporcionou momentos de discussões com grande parte do elenco e, no dia seguinte, Karol protagonizou um dos momentos mais criticados pelo público ao solicitar de maneira autoritária e grosseira que o ator se retirasse da mesa durante o almoço para que ela pudesse almoçar, nas palavras dela, “em paz”.

De lá para cá, outras polêmicas envolvendo a cantora aconteceram, incluindo um rápido romance com o participante Bil que, para o público, foi vítima de assédio, uma vez que ele já havia dito não querer o beijo e foi acuado por Karol, na análise dos fãs do programa.

Após o rápido affair com o competidor, Karol iniciou uma conversa com seu grupo de apoio esclarecendo que, segundo ela, Bil é quem estava perseguindo-a e que inicialmente ela não o queria, o que para o público que acompanha o programa em tempo real não condiz com a realidade.

Durante a festa do último sábado (06), que culminou na saída de Lucas Penteado do programa, Karol em conversa com Carla Diaz disse saber que a atriz estava interessada em Bil, mesmo havendo um clima de romance entre Carla e o participante Arthur, e que o caminho estava livre para ela. Sem entender o comportamento da cantora, a atriz negou. Mais tarde, Carla foi acordada aos berros por Karol promovendo uma discussão que, para muitos participantes do programa se deu por ciúme, culminando em humilhação à carreira da atriz Carla Diaz.

Como esse comportamento impacta na imagem de marca de Karol Conká

Os episódios protagonizados por Karol não são coerentes com a imagem de marca construída por ela em sua carreira. Ela é tida como um forte nome do movimento feminista, mas se envolveu em polêmica e humilhou outra mulher em função de um relacionamento com um homem.

Ela também se posiciona aqui fora, e pareceu que esse seria seu posicionamento dentro do BBB21, como uma pessoa que se envolve em movimentos que defendem as minorias sociais, mas isolou e promoveu o isolamento de um participante da periferia e de uma participante nordestina.

O personagem representado por uma marca pessoal não pode ser confundido com uma mentira. É importante salientar que todas as marcas pessoais representam personagens em momentos de suas atuações e que a imagem pessoal é parte dessa construção, mas isso nunca deve faltar com a verdade ou gerará crises de imagens que são difíceis de serem contornadas.

A crise na imagem pessoal de Karol Conká tem solução?

Quando a digital influencer Gabriela Pugliesi se envolveu em uma polêmica no ano passado durante o auge da pandemia e foi cancelada pelo tribunal da internet, optou por ficar um tempo afastada dos holofotes digitais e após alguns meses reapareceu pedindo desculpas pelo ocorrido e dizendo ter aprendido algumas lições.

Algumas pessoas acreditaram ser verdade, outras não e isso é natural, vai acontecer. O que chama a atenção no caso Pugliesi é que ela demorou ainda algum tempo para voltar ao seu personagem e demonstrar que a tal mudança era real, mas seguiu sua vida e, apesar de contratos cancelados na ocasião, ainda segue usando sua imagem para vender marcas por aí.

O caso de Karol Conká parece ser um pouco mais complexo não somente pelo número de polêmicas em que ela esteve envolvida em tão pouco tempo, mas pelo teor de suas discussões.

Outro agravante em se tratando da questão, parte do fato de Karol estar exposta em rede nacional, todos os dias, em horário nobre, na maior emissora de TV do país. Gabriela era conhecida apenas na bolha da internet.

Se Karol for eliminada ainda no início do programa ou no final, não fará diferença, ela terá de enfrentar a crise de imagem pessoal que seu comportamento causou.

A cantora pode conseguir dar seguimento em sua carreira, mas dificilmente fará isso logo ao sair da casa. Isso porque as crises precisam de tempo, espaço e estratégias para serem contornadas. Talvez ela opte por outro segmento de atuação e escolha algo que a deixe por trás das câmeras, pelo menos por um tempo.

Para que sua carreira seja retomada de forma gradual e satisfatória a fim de contornar a crise de imagem causada por sua lamentável atuação no BBB21, algumas ações que são comuns de serem adotadas por pessoas que passam por situações como a dela, devem ser evitadas:

  • Desculpas não devem vir com justificativas dos atos. É natural pedidos de desculpas virem com justificavas como “eu estava bêbado”, “eu me excedi” ou “estava em surto”. Desculpas devem ocorrer de forma pública e da forma mais verdadeira possível;
  • Dê um tempo para a poeira abaixar, mas não esteja indisponível para falar com a imprensa;
  • Envolva-se em ações que possam “reparar” de alguma forma seus atos;
  • Tenha uma assessoria ao seu lado para te preparar para as entrevistas e aparições públicas;
  • Nunca desapareça simplesmente.

O cancelamento de Karol Conká foi causado por seu comportamento que não representa o que publicamente é exposto por ela em sua obra. Não tenho neste post a intenção de julgar seu comportamento do ponto de vista social, mas sim a repercussão negativa que ele gerou para sua marca pessoal.

Até a data de hoje, Karol Conká já teve suspenso seu programa de nome “Prazer, feminino” no canal GNT, teve sua participação em festivais de música que ocorrerão neste ano cancelada, perdeu contratos com empresas que vinculam sua marca a seus produtos. Alguns estudiosos estimam que sua perda financeira pode chegar a 5 milhões.

O que está acontecendo com Karol Conká pode acontecer com qualquer marca pessoal. Isso não é prerrogativa apenas de famosos que estão com suas vidas expostas. Desalinhamento entre ser e parecer, ou seja, entre identidade e imagem de marca, gera crise profissional em qualquer carreira.

Ninguém é capaz de sustentar um personagem que não é real por tanto tempo!

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